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Grandes bancos devem sofrer grande impacto com a implementação do Open Banking no Brasil e precisam se preparar, segundo a consultoria Roland Berger.
O sistema de Open Banking, previsto inicialmente pelo Banco Central para o fim de novembro de 2020, finalmente começa a ser implementado daqui a duas semanas, em 1o. de fevereiro de 2021, e os especialistas prevêem um impacto significativo na receita dos bancos.
O Open Banking vai permitir a portabilidade de dados financeiros dos cidadãos brasileiros, desbloqueando o desenvolvimento de novos produtos e a integração de diversas contas de entidades financeiras em uma só plataforma.
A primeira previsão para implementação do sistema era para o dia 30 de novembro, mas os bancos mais tradicionais do país pressionaram o Banco Central pelo adiamento, alegando que não haviam tido tempo para garantir a segurança das informações compartilhadas dos clientes. Os bancos digitais eram contra o atraso, mas perderam essa batalha.
A consultoria Roland Berger previu em um estudo recente que o impacto na receita dos bancos deve chegar a R$ 110 bilhões. Segundo a empresa alemã, “novas ofertas integradas emergirão, aumentando a concorrência e dando ao cliente capacidade para escolher o interface, isto é, escolher como, onde e por quem quer ser servido”.
Além da concorrência de bancos digitais e plataformas de open banking no Brasil, a consultoria também aponta para a concorrência internacional como principal risco da implementação do sistema.
A consultoria ressalta que no Brasil os players financeiros travarão uma guerra em dois níveis: na experiência do cliente, ou seja, na ponta final da cadeia, e na "gestão da fábrica do produto", ou seja inovações desenvolvidas pelas entidades financeiras responsáveis pelos dados financeiros dos clientes.
O documento também aponta que os grandes bancos são os candidatos mais fortes a se posicionarem como "fábrica de produtos", mas bancos digitais, fintechs e big techs já tem se adiantado ao lançamento do open banking e implementando novos produtos desde a metade de 2020, entrando na corrida com os grandes bancos brasileiros.
A consultoria também traça três cenários possíveis para o open banking brasileiro. O primeiro é baseado no cenário europeu, que adotou o sistema de forma pioneira. Neste cenário, o poder de barganha das instituições seria "marginal", já que apenas parte dos clientes adotaria as plataformas de investimentos e carteiras digitais.
Por outro lado, no segundo cenário a disseminação de bancos e plataformas digitais de investimento indicaria que os clientes de alta e baixa renda estão atentos a inovações e podem optar por novas interfaces financeiras, que se adequem melhor às suas nececidades, comparando preços e e buscando a melhor experiência.
No terceiro cenário, o open banking seria responsável por revolucionar o mercado, levando a uma corrida das instituições financeiras por novos e melhores produtos, aumentando o poder de barganha e diminuindo a margem financeira dos grandes bancos. É nesse cenário que o impacto pode chegar a R$ 110 bilhões no curto prazo.
De qualquer modo, recomenda a consultoria, as grandes instituições financeiras terão de reagir rápido aos resultados da implementação do open banking:
“A manutenção da rentabilidade neste contexto será um desafio – é necessário acelerar a preparação da transformação do setor bancário“.
Finalmente, a consultoria aposta alto nas mudanças do novo sistema do Banco Central. Para a Roland Berger, “o open banking será a próxima transformação disruptiva no negócio dos bancos brasileiros”.
A implementação total do Open Banking no país é dividida em quatro fases. A primeira, que começa em fevereiro vai permitir acesso aos clientes o acesso a dados de instituições participantes sobre canais de atendimento e produtos e serviços relacionados com contas de depósito à vista ou de poupança, contas de pagamento ou operações de crédito.
Depois, será permitido compartilhamento entre instituições participantes de informações de cadastro de clientes e de representantes além de dados de transações dos clientes relacionados aos produtos e serviços da fase 1.
Na terceira fase, o BC autoriza o compartilhamento do serviço de iniciação de transação de pagamento entre instituições participantes, além do serviço de encaminhamento de proposta de operação crédito entre instituição financeiras.
Finalmente, a quarta e última fase permitirá a expansão dos dados para abranger, entre outros, operações de câmbio, investimentos, seguros e previdência. A implementação total está prevista para 15 de dezembro.
Link original do conteúdo: https://cointelegraph.com.br/news/mercado-bitcoin-may-make-an-ipo-in-brazil-and-have-shares-listed-on-b3